quarta-feira, 24 de junho de 2009

O Espiritismo e a Ciência

Subsídios

Allan Kardec, como se sabe, não era um cientista no sentido profissional, de especialista neste ou naquele ramo da Ciência, mas tinha cultura científica, espírito científico. A propósito deste assunto, o escritor e jornalista espírita Deolindo Amorim, num de seus artigos dedicados ao Codificador, assim se expressa: Allan Kardec revela-se, em tudo e por tudo, um homem de espírito científico pela sua própria natureza... Todas as condições indispensáveis ao espírito científico nele estão, sem tirar nem pôr, como diz o jargão habitual: em primeiro lugar, a serenidade com que encarou os fatos mediúnicos, com equilíbrio imperturbável, sem negar nem afirmar aprioristicamente; em segundo lugar, o domínio próprio, a fim de não se entusiasmar com os primeiros resultados; em terceiro lugar, o cuidado na seleção das comunicações; em quarto lugar, a prudência nas declarações, sempre com a preocupação de evitar divulgação precipitada de fatos ainda não de todo examinados e comprovados; em quinto lugar, finalmente, a humildade, que é também uma condição do espírito científico, interessado na procura da verdade, antes e acima de tudo. E foi esse espírito científico que o secundou, todo o tempo, no cumprimento da sua missão de Codificador da Doutrina Espírita.

Espiritismo e Ciência se completam

Espírito e matéria, de acordo com a Doutrina Espírita, são duas constantes da realidade universal. Assim, Espiritismo e Ciência não são forças antagônicas, mas, ao contrário, completam-se reciprocamente, segundo o pensamento de Kardec, expresso em A Gênese: Assim como a Ciência propriamente dita tem por objeto o estudo das leis do princípio material, o objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual. Ora, como este último princípio é uma das forças da Natureza, a reagir encessantemente sobre o princípio material e reciprocamente, segue-se que o conhecimento de um não pode estar completo sem o conhecimento do outro. O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação. O estudo das leis da matéria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matéria é que primeiro fere os sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, teria abortado, com tudo quanto surge antes do tempo.

O Espiritismo não é da alçada da Ciência

O fato de a Ciência oferecer ao Espiritismo apoio e confirmação não garante, no entanto, àquela a competência para se pronunciar em questão de Doutrina Espírita. Eis os argumentos apresentados pelo Codificador, com respeito a este assunto.
As ciências ordinárias assentam nas propriedades da matéria, que se pode experimentar e manipular livremente; os fenômenos espíritas repousam na ação de inteligência dotadas de vontade própria e que nos provam a cada instante não se Acharem subordinadas aos nossos caprichos. As observações não podem, portanto, ser feitas da mesma forma; requerem condições especiais e outro ponto de partida. Querer submetê-las aos processos comuns de investigação é estabelecer analogias que não existem. A Ciência, propriamente dita, é, pois, como ciência, incompetente para se pronunciar na questão do Espiritismo: não tem que se ocupar com isso e qualquer quer seja o seu julgamento, favorável ou não, nenhum peso poderá ter.
É importante considerar-se que, ao referir-se às ciências ordinárias, Kardec fazia alusão às ciências positivas, classificadas por Augusto Comte em: Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia e Sociologia.

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