Na segunda edição, que Kardec considerava definitiva, outros médiuns são utilizados. A obra, bem mais desenvolvida, se compõe, nesta edição, de 1018 questões, notas aditivas e comentários. Este livro, em sua estrutura geral, apresenta:
Introdução, composta de 17 itens, contém uma síntese da Doutrina Espírita. É aí que aparecem os termos espírita, espiritista e Espiritismo, criados por Kardec para indicar a crença na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo corporal.
Prolegômenos (*), que, encimados pela cepa (**) desenhada pelos próprios Espíritos, dão a conhecer a maneira como foi revelada a Doutrina; a autoria e finalidade do livro; os Espíritos que concorreram para a exeução da obra, e trechos das mensagens transmitidas a Kardec sobre a sua missão de escrever O Livro dos Espíritos.
Corpo da obra, dividido em quatro partes, de acordo com a tábua das matérias a saber:
Parte primeira - Causas primárias: Deus. Elementos gerais do Universo. Criação. Princípio Vital.
Parte segunda - Mundo espírita ou mundo dos Espíritos: Os Espíritos. A encarnação dos Espíritos. A volta do Espírito, extinta a vida corpórea, à vida espiritual. A pluralidade das existências. A vida espírita. A volta do Espírito à vida corporal. A emancipação da alma. A intervenção dos Espíritos no mundo corporal. As ocupações e missões dos Espíritos. Os três reinos.
Parte terceira - Leis Morais: Lei divina ou natural. Leis de adoração; trabalho; reprodução; conservação; destruição; sociedade; progresso; igualdade; liberdade; justiça, amor e caridade. A perfeição moral.
Parte quarta - Esperanças e consolações: Penas e gozos terrenos. Penas e gozos futuros.
Conforme se pode observar, a divisão das matérias não foi feita de modo arbitrário, mas, ao contrário, denota correspondência lógica, sequência de pensamento. As matérias aí contidas, distribuídas em ordem metodológica, partem das questões mais gerais para as especiais e, de igual modo, começam por especulações na ordem transcendental, indo até aos problemas práticos, próprios da natureza humana.
Conclusão, composta de nove itens, na qual o Codificador mostra as consequências futuras dos atos da nossa vida presente e, retomando os conceitos básicos da Doutrina Espírita, dá harmonioso arremate à obra.
Quando à autoridade de O Livro dos Espíritos, Kardec a atribui aos Espíritos.
Eis o que nos afirma nos Prolegônemos: Este livro é o repositório de seus ensinos. Foi escrito por ordem e mediante ditado de Espíritos superiores, para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, isenta dos preconceitos do espírito de sistema. Nada contém que não seja a expressão do pensamento deles e que não tenha sido por eles examinado. Só a ordem e a distribuição metódica das matérias, assim como as notas e a forma de algumas partes da redação, constituem obra daquele que recebeu a missão de os publicar. Por outro lado, afirma Hermínio Miranda, não é intenção dos mensageiros espirituais - ao que parece - ditar um trabalho pronto e acabado, como um <<>> divino, de cima para baixo. Deixam a Kardec [ naturalmente inspirado por eles] a iniciativa de elaborar as perguntas e conceber não a essência do trabalho, mas o plano geral da sua apresentação aos homens. A obra [...] é um diálogo no qual o homem encarnado busca aprender com irmãos mais experimentados novas dimensões da verdade. É preciso, pois, que as questões e as dúvidas sejam levantadas do ponto de vista humano, para que o mundo espiritual as esclareça na linguagem simples da palestra [...].
Em suma, O Livro dos Espíritos é um repositório de princípios fundamentais de onde emergem inúmeras <
Em nenhum outro cometimento humano vê-se tão claramente os sinais de duas faces da vida - a encarnada e a desencarnada.
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(*) Prolegômenos: Introdução geral de uma obra. Prefácio.
(**) Cepa - Tronco de videira. Parte da planta a que se cortou o caule e que permanece viva no solo. Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
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